sexta-feira, 17 de julho de 2015

A tríade de Peirce, categorias semióticas

Para Peirce o pensamento percorre um caminho tríadico. O autor se difere das vertentes que apostam na dualidade e considera um terceiro caminho, um mediador neste percurso. 



"Tenho uma análise do que aparece no mundo. Aquilo com que estamos lidando não é metafísica: é lógica, apenas. Portanto, não perguntemos o que realmente existe, apenas o que aparece a cada um de nós em todos os momentos de nossas vidas. Analiso a experiência, que é a resultante cognitiva de nossas vidas passadas, e nela encontro três elementos. Denomino-os Categorias".

Como primeiro, Primeiridade, Peirce considera a Originalidade. Para ele "O mundo seria reduzido a uma qualidade de sentimento não analisado. Haveria, aqui, uma total ausência de binaridade". Nesta dimensão da análise é necessário de antemão disponibilidade contemplativa. Aqui não cabe qualquer associação, o que precisa ser visto é olhado sem referência. A Primeiridade é puramente qualidade de sensação. Nesta categorização triádica, a Primeiridade é a mônada.

Após dissecar o que o signo tem de primeiro, de original, podemos partir para a Secundidade. É importante compreender que as categorias não são claramente separadas, elas se somam, no signo elas não podem ser dissociadas. O ato de discrimina-las é apenas uma metodologia para melhor compreensão das dimensões de análise. A Secundidade é o momento do conflito, da dualidade, trata-se do existente. De acordo com Peirce: "A díada é um fato individual, existencial; não tem generalidade. O ser de uma qualidade monádica é mera potencialidade, sem existência. A existência é puramente diádica". 

Em uma análise de Secundidade é possivel olhar o signo também de forma triádica: o signo em relação ao seu objeto, o signo em si mesmo e o signo em relação ao interpretante. Sobre signo, objeto e interpretante, Peirce diz: "Um signo "representa" algo para a ideia que provoca ou modifica. Ou assim - é um veículo que comunica à mente algo do exterior. O "representado" é o seu objeto; o comunicado, a significação; a ideia que provoca, o seu interpretante".

Por fim chegamos a Terceiridade. Essa é a categoria da generalidade, infinidade, continuidade, difusão, crescimento e inteligência. Aqui acontece a mediação entre Primeiridade e Secundidade. 

IMAGEM: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/b6/Charles_Sanders_Peirce.png/320px-Charles_Sanders_Peirce.png


PS. O Material acima produzido e aqui publicado é resultado de anotações de aula e material recolhido em apostilas de professores. Para informações mais completas consulte uma obra específica.
Sobre Semiótica é interessante ler Lucia Santaella, Umberto Eco e o próprio Charles Sanders Peirce.

terça-feira, 7 de julho de 2015

Estudo de caso: Pulp Fiction

ANÁLISE DO DISCURSO


CONTEXTO:

Pulp Fiction é um aclamado filme de Quentin Tarantino, muitos dizem ser o melhor filme do diretor. Lançado em 1994, o grande diferencial é a narrativa. O longa narra três histórias de forma não cronológica: Os mafiosos Vincent Vega e Jules Winnfield que executam uma cobrança, Vincent levando a esposa do chefe para se distrair e o falido boxeador Butch Coolidge que age contra o sistema. O premiado filme está disponível no Netflix Brasil.

ENREDO:



A cena é aquela na qual Vincent Veja (John Travolta) e Jules Winnfield (Samuel L. Jackson) vão até o apartamento de Brett (Frank Whaley) para pegar a maleta de Marsellus Wallace (Ving Rhames). Eles se vingam em nome do chefe.






ANÁLISE DO TEXTO:

• O NÍVEL FUNDAMENTAL da narrativa é a Vingança. O NÍVEL NARRATIVO é a história dos assassinos de aluguel que vão cobrar a dívida quem os rapazes devem a seu chefe. Percebemos uma verborragia na Formação Discursiva, excesso de texto que não tem função específica na narrativa (desconsiderando, claro, a estética do texto. A contextualização como moderno, atual, popular).

• Jules fala (age) como SUJEITO no texto e não como INDIVÍDUO, particularmente ele não tem qualquer problema com os rapazes, no entanto, eles devem uma dívida ao seu grupo, ao seu chefe. Existe um código de ética que faz dele parte deste grupo e, portanto fiel a ele. Ele segue a formação ideológica do seu grupo.

• Logo quando chegam e se apresentam (- somos amigos do Marsellus Wallace, existe implícito a missão deles naquele local).

• O discurso exercido na fala de Jules é totalmente PERSUASIVO, ele não os tenta convencer de forma argumentativa, por mais que durante o diálogo haja uma simulada cumplicidade, logo que possível ele parte para uma verbalização agressiva e ameaçadora.

• Existe na fala de Jules uma certa POLIFONIA, mas talvez falseada. Há uma representação, uma vez é gentil e polida (compartilha) e em seguida há a agressão.

• Na citação do texto bíblico identificamos a INTERTEXTUALIDADE e a personalização da fala do matador de aluguel, que pega um texto emprestado para ser INDIVÍDUO.

• Jules é o sujeito mais atuante na história e seu objeto-valor é exercer a sua tarifa ali, como um assassino: matar. Mas não de qualquer forma, matar como quem cumpre a lei.

PS. Abaixo é possível assistir parte da cena no Youtube, é importante frisar que a Análise Discursiva se prende exclusivamente ao texto, uma análise análise Semiótica seria o ideal para falar do vídeo como um todo.



IMAGENS:
http://img08.deviantart.net/1231/i/2010/087/1/0/vincent_and_jules_by_neil_in_nz.png
http://fanaru.com/pulp-fiction/image/thumb/28404-pulp-fiction-pulp-fiction-poster-art.jpg