sexta-feira, 2 de abril de 2010

Preparando-se para voar


Penso como os querem ser livres, mas por vezes sinto minha liberdade como prisão criada por mim mesmo. O não admitir acorrentar-se é mérito da evolução humana, mas talvez pensamos tão grande que esquecemos dos pequenos abismos que criamos... Caímos neles acreditando na libertação, mas são buracos, com grandes paredes ao redor, limitando nossos passos e tendo um único canal de luz... Não é de hoje que nossas gargantas gritam: “... é a verdade que assombra” (Legião Urbana – Metal contra as nuvens), não a alheia - não há confiança que ignore a capacidade do outro de fazer ou ser o que quiser - a verdade que assombra é a nossa própria.

Os nossos porquês vão além das ciências quantitativas, o nosso intimo vai além do que as novelas podem mostrar... É quase impossível não se sentir incompreendido, ao menos uma vez. Talvez por isso criamos tantas utopias. Dias atrás ouvi uma frase no cinema (enquanto o vilão tentava convencer o mocinho de entregar-lhe um tesouro), ele dizia que se “todos soubessem a verdade, ninguém precisaria criar falsas motivações”. Acredito que o nosso maior medo seja justamente este: de um dia acordar e perceber que viveu motivando-se com bobagens... Um dos maiores conselhos que recebi foi: “faça coisas nobres, você não suportará viver uma vida de ninharias...” Sábio franciscano...

Mas prefiro pensar que nesse jogo de apostas, acertos e desacertos não devemos ser tão rudes ou severos conosco e com os demais. “Aposto que se se mostrassem muito exigentes comigo, haveriam de ver que não valho mais do que uma cebola...” (Fiódor Dostoievski – Crime e Castigo). Não é um mundo de fracassados convictos que proponho, muito menos de pessimistas, o que proponho é um mundo de tolerância. Estamos todos a caminho, aprendendo no seu ritmo próprio. Como pássaros recém nascidos, ainda de assas despreparadas, os seus dias são nossas décadas. Resta-nos a paciência de esperar por nós mesmos, no dia da real liberdade, o dia do vôo.
Podemos olhar para as galinhas e pensarmos que somos iguais, que nossas assas são nos levará longe... Mas temos a opção de acreditar, olhando para o alto e como águia ir preparando-se para voar.

Cada um tem um sonho escondido na alma, sonho este que às vezes é difícil até para saber qual é... Mas quando descobrimos, ele torna-se o sabor de nossas vidas e a motivação que nos leva a essa aprendizagem, a esse levantar vôo.

Gilson Alves
“Escrevo o que passa por mim, o que posso ser testemunha e nada a mais!”.

IMAGEM ORIGINAL: http://blogdoguh.files.wordpress.com/2009/07/voar.jpg

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