segunda-feira, 21 de junho de 2010

Teatro dos Vampiros, O conto


Sou um menino de pouca idade e muitos anos. A experiência que envolve a minha existência não parece vinda desse tempo. É algo do sempre, mas novo e indecifrável. Na experiência dos dias já saboreei o gosto do silêncio, longos dias de silêncio... Mas acredito que o sorriso me é próprio e o meu EU descaracterizaria sem ele.

Sempre precisei de um pouco de atenção e hoje não é diferente, o inverno voltou forte no meu coração e o tom cinza dos amores densos tem deixado tudo mais interessante. Os meus amigos são os mesmos, nós como antes saímos sem rumo, sem dinheiro e sem interesses outros que não sejam ser livre, não envelhecer por dentro e sempre estarmos com quem devemos estar.

Mesmo pensando tanto não sei quem sou e analisando minhas ácidas criticas percebo que só sei do que não gosto. Cheguei no meu ponto, desço do ônibus pensando porque minhas reflexões acontecem nos coletivos... Acho que passo tempo demasiado no trânsito. Sou de São Paulo! Prossigo em direção a Marginal, pego o trem da linha Pinheiros, ando sem para com as inquietações...

As vezes tudo isso parece um eterno Déjà vu. Ontem tive medo e não consegui dormir, tive medo do futuro e meu coração eterno apaixonado perturbava-me no meu intimo querendo amor, querendo amar... Entro na estação e dirijo-me para a plataforma, como que combinado é o trem que chega junto comigo. Ao entrar, em dia tranquilo de um horário inusitado, sento no assento ao lado da janela e fico olhando o trem rasgar a paisagem do sul da cidade. Olho os detalhes, dentro e fora do vagão, em cada estação... Esperando que neste dia nossas vidas possam se encontrar, porque as vezes é difícil viver comigo apenas e com o mundo.

É o final da linha, o extremo sul da cidade é sempre mais frio, sinto o cheiro do vento, vento de dias estranhos. Desço do trem, onde sempre desço, mas hoje com um olhar diferente, me sentindo mais experiente depois desse percurso de um pouco mais de 20 minutos. Meu ser está cheio de novas conclusões e múltiplas comparações que isentaram muitos da piedade. Opto pela escada estática, ignorando a rolante. Meus passos são firmes e decididos eu sei que a primeira vez é sempre a última chance. Me assusto com sua presença do outro lado das catracas, é um largo sorriso que exibe no rosto. Sem medo do que vão dizer corro e lhe abraço. Você me veio como um sonho bom e a riqueza que nós temos ninguém consegue perceber. Cansados de teatro queremos agora somente se divertir e juntos ter um lugar pra ir.

Gilson Alves
“Escrevo o que passa por mim, o que posso ser testemunha e nada mais!”.

P.S: Este conto foi escrito, a exemplos do livro Como se não houve amanhã, inspirado em músicas da Legião Urbana, neste caso: O TEATRO DOS VAMPIROS

Um comentário:

  1. amaei esse como tudo o que se refere a renato russo e legião urbana, sou apaixonada pelas suas poesias, e tenho só 25 anos e conhece a legião desde os 13 amo esses caras, parabens pela inspiração. fã eternemente rr.
    mary silva

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